O Município de Cuba esteve, no fim-de-semana passado, em destaque na Casa do Alentejo, em Lisboa, com uma ação de promoção do concelho. Ao longo de dois dias, a aposta foi para a mostra e venda de produtos regionais, as atuações dos grupos corais “Ceifeiros de Cuba” e “Amigos do Cante”, a exposição de fotografia “Cuba: Passado e Presente” e uma demonstração de cozinha típica. A par disso, em linha com a data de aniversário de Fialho de Almeida (7 de maio), a autarquia organizou a conferência “Um Rosto múltiplo: os Fialhos em Fialho”, com Isabel Mateus – Professora Doutora na Universidade do Minho (Braga) e Investigadora do CEHUM (Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho).
“ «Kodakização» e Despolarização do Real, Para uma Poética do Grotesco na Obra de Fialho de Almeida” (2006), é a Tese de Doutoramento da investigadora, publicada pela Caminho em 2008 e que lhe valeu duas distinções: Prémio de Ensaio Óscar Lopes (2007), que deu origem à publicação, e o Prémio de Ensaio PEN Clube 2008. No encontro promovido pela Câmara Municipal de Cuba, com apoio da Associação Cultural Fialho de Almeida, Isabel Mateus falou da vida e obra de “um dos grandes vultos da literatura e da cultura portuguesa”, que passou parte da sua vida em Cuba, localidade onde está sepultado o escritor e onde permanece a casa onde habitou.
«Fialho de Almeida é ainda hoje um escritor desconhecido. Em volta do seu nome criou-se uma teia de silêncio e de preconceitos vários que condicionou a leitura e a divulgação de uma obra ímpar que só recentemente tem vindo a ser descoberta. E contudo, Fialho de Almeida foi não apenas um dos grandes vultos da literatura e da cultura portuguesa de finais do século XIX, mas, a vários níveis, um arauto e pioneiro da modernidade que é ainda hoje a nossa e que de modo único e enérgico ele ajudou a construir”, sublinha a autora. “Personalidade complexa e multifacetada, o seu retrato é difícil de traçar. No seu rosto (co)existem vários rostos, vários Fialhos que nem sempre parecem compatíveis entre si: médico, panfletário, paisagista, crítico de arte, ensaísta, cronista, ficcionista, criador da língua, visionário. Fialho foi tudo isso e muito mais, foi um homem à frente do seu tempo, um homem que abriu caminhos e deixou uma marca inconfundível na cultura, na sociedade, na literatura e nas artes que importa hoje conhecer, reconhecer e valorizar”, completa.
Após a conferência, a autarquia assinalou ainda o momento com o descerramento de uma placa alusiva a Fialho de Almeida na Biblioteca da Casa do Alentejo.